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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Em resgate 'dramático', bombeiro se atira em rio para salvar suicida em MS



Socorrista diz ter ficado quase uma hora à deriva à espera do resgate.
Vítima pulou no rio Paraná, na divisa de Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Ricardo Campos Jr. Do G1 MS
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Bombeiro se arriscou para salvar a vítima e diz ter
cumprido com o dever. (Foto: Ollair Nogueira)
O soldado do Corpo de Bombeiros Alexandre Costa, 30 anos, se lançou no rio Paraná, na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo, e ficou quase uma hora à deriva para salvar uma mulher que havia tentado suicídio pulando da ponte que separa os dois estados. O resgate, que o militar considerou “dramático”, aconteceu na madrugada do último sábado (23) em Bataguassu, a 335 quilômetros da capital.
Costa lembra que estava escuro e fazia frio quando ele chegou até o local onde a vítima, que segundo Corpo de Bombeiros de Presidente Epitáfio (SP) tinha problemas de depressão, ameaçava se jogar.
Enquanto a equipe paulista tentava convencer a mulher a desistir do suicídio, Costa armou o equipamento de rapel junto com os militares de MS. “Queríamos antecipar alguma queda e ela se jogou mesmo. Eu desci atrás dela, me desprendi do equipamento e saí nadando”, conta o bombeiro.
O local tem quase 23 metros de profundidade, segundo os bombeiros. Costa dispunha somente do colete salva vidas que ele vestia e o entregou à vítima quando conseguiu alcançá-la. “A gente tem técnicas de flutuabilidade. Eu aguentaria mais sem o colete”, diz o militar.
De acordo com o socorrista, os dois foram arrastados pela correnteza até um ponto em que, segundo ele, não era mais possível enxergar as luzes da movimentação que se formou na ponte.
“Cada vez que eu olhava para a ponte, eu via as luzes da viatura ficarem cada vez menores.
Eu olhava para o lado e só via água e as estrelas. "
Alexandre Costa, soldado do Corpo de Bombeiros de MS
Dali para adiante foi a fase de paciência e de acreditar no trabalho da equipe que estava na ponte. O melhor a ser feito era ficar à deriva economizando energia”, conta o socorrista.
Antes de ser resgatado pelos barcos, o bombeiro conta que teve que tirar a farda e ficar apenas de bermuda, pois as roupas molharam e ficaram pesadas, dificultando a flutuação. O primeiro barco a alcançá-los pertencia à equipe de Presidente Epitáfio. Costa afirma que pediu aos colegas para resgatarem primeiro a vítima. A embarcação dos bombeiros de MS veio em seguida e retirou o socorrista da água. Costa foi levado ao hospital em Bataguassu e diz não ter mais visto a mulher após o socorro.
À deriva
O bombeiro conta que foi resgatado já apresentando sintomas de hipotermia e disse ao G1 ter pensado que iria morrer. “Teve momento que eu cheguei a pedir perdão para Deus dos meus pecados, pois eu pensei que não voltaria mais”, diz Costa.
A família, segundo ele, serviu de estímulo para a persistência em se manter vivo até o resgate. A filha de seis anos e a esposa somente ficaram sabendo do ocorrido quando ele chegou em casa, após ter recebido alta do hospital.
“Minha esposa, na hora que me viu chorou". Ele diz não considerar a atitude como heroismo. "Herói é uma palavra muito forte. Apenas cumpri com o meu dever", disse Costa.

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