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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Desemprego entre os jovens

Luiz Gonzaga Bertelli
O desenvolvimento econômico dos últimos anos ainda não é o bastante para abrir definitivamente as portas do mercado de trabalho aos jovens. Segundo pesquisa do Dieese, divulgada no mês passado, metade das pessoas entre 18 e 20 anos encontra-se sem emprego. Um dado preocupante e mais grave ainda quando comparado com o estudo do IBGE que aponta o cenário promissor do emprego em geral: o Brasil, que tinha a segunda maior taxa de desemprego entre as vinte maiores economias do mundo na virada do milênio, hoje está situado entre o 15.º e 16.º lugares, com um índice em torno de 6% - situação bem mais confortável do que potências como os Estados Unidos (9%), Reino Unido (7,9%), e Alemanha (6,6%).
Então, como explicar a taxa que demonstra a ociosidade dos jovens? Um dos motivos principais é a falta de capacitação dos candidatos a ingressar no mercado de trabalho, resultante da baixa qualidade do ensino e da inexperiência prática (lembrando, aqui, que a vivência de uma atividade em ambiente corporativo não só adiciona conhecimentos à formação dos estudantes, como também estimula um melhor aproveitamento do aprendizado escolar). A escassez de oportunidades de trabalho aos jovens é problema antigo, mas ganhou maior visibilidade na fase atual de aquecimento econômico, que revelou as carências do capital humano brasileiro e apontou para a necessidade urgente de preparar os futuros profissionais.
Muitas empresas que trabalham com alta tecnologia têm vagas disponíveis, mas faltam profissionais qualificados para ocupar essas posições. Isso já está fazendo com que algumas companhias se socorram a colaboradores do exterior, como no caso de cargos ligados à engenharia e tecnologia da informação -- situação essa já nomeada pelos especialistas como "apagão de mão de obra". Se o país continuar a crescer em ritmo superior a 4% ao ano, segundo estudiosos do Trabalho, a crise deve se ampliar em breve.
Os 47 anos de experiência do CIEE em inserção do jovem no mercado de trabalho confirmam o valor dos programas de estágio e aprendizagem bem conduzidos para reforçar a empregabilidade dos jovens, em especial daqueles que não contaram com condições adequadas de formação, tanto educacionais quanto familiares. Assim, o estágio e a aprendizagem contêm um cunho social importante, pois tiram milhares de jovens das ruas, das más companhias, da marginalidade -- enfim, de situações de vulnerabilidade social -- e os colocam no caminho do trabalho, do estudo continuado e, por consequência, da cidadania plena.
Com avanços na educação, na inclusão digital e na oferta de estágios e vagas para aprendizes, poderemos vencer as taxas cruéis que excluem jovens do mercado trabalho e melhorar sobremaneira as questões relacionadas à qualificação de mão de obra. Um sonho que pode estar bem diante de nós.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração
Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp

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